À espera de embarque

Ah! Que preguiça! Acho que este foi o único dia que me dei ao luxo de me deixar ficar na cama até me apetecer…
Na cama, entenda-se, com o prefixo de “saco”.

Espreguicei-me, vesti o fato de banho e fui à piscina pela última vez.
A água, assim como a da praia está uma sopita, aliás como em todo o norte do mediterrâneo, pelo que conheço.
Gosto mais do mar, mas a proximidade desta praia ao porto onde embarco logo mais dá-me algumas náuseas. Por vezes cheira a gasóleo ou qualquer outro combustível náutico.

Praia
Não me apeteceu fazer nada durante o dia.

Percorri a marginal à procura de uma rede aberta. Parei mesmo em frente aos Carabinieri, mas percebi que já estava a dar muito nas vistas, pois com frequência vinham à varanda (era uma pequena vivenda) e olhavam insistentemente para mim. Para não levantar mais suspeitas, fiz umas centenas de metros mais e apanhei outra ainda com melhor sinal!
Transferi mais algumas fotos, dei respostas a mails, consultei uns extractos e, acabei por sair dali pois o “sol rodava” e a sombra desaparecia.

Volto ao parque, arrumo todo o material, pensando que tenho de levar comigo documentos, alguma comida, computador para ir escrevendo as crónicas em atraso… porque o acesso à moto é vedado assim que o barco sai o porto.

Despeço-me da malta da recepção. Dirijo-me ao porto. Eles têm uma espécie de fronteira ali e fazem questão de que assim pareça.
Entro com a moto, estaciono e ouço logo uns assobios, como quem lida com camionistas… Ei, não pode deixar a moto aí, já lá para fora!
No dia anterior, quando cheguei foi a mesma cena! Eu sei, manter low profile, mas às vezes não resisto!

Afinal não é às 5, é quando lhes apetece que abrem a bilheteira. Fiz-me de inês (desculpem as inêzes) – claro, eu espero!
Meto conversa com uns americanos, 2 jovens noruegueses que mais tarde partilharam a cabine comigo e uma espanhola desesperada. Coitada, queria à última da hora levar o tractor de um TIR no barco para Espanha pois, por causa de um feriado em França cortam a passagem aos camiões – não percebi!

Lá abriram. Compro a passagem. Para estar ali pelas 21h30 mais tardar 22 horas.

À espera de embarque ao pôr do Sol e a recordar a viagem
Queimei as últimas horas à beira mar. Vi o pôr do Sol. Despedi-me do mundo terreno, com umas chamadas e sms e regressei ao porto.

Ei! Agora sim. Mais motards!
Trocámos histórias e galhardetes. Instalamos-nos e partimos.

Do Adriático ao Mediterrâneo

Saio de Veneza. Entenda-se, Veneza costa.
Fiquei num parque de campismo (Fusina) que organiza também as travessias para Veneza, e assim acaba por ser melhor pois deixam-se ali os carros, as auto-caravanas e as motos em segurança. Tem também um parque de estacionamento para quem não acampa.

Levanta-se um ventinho fresco de manhã e penso que hoje não vou ter tanto calor!
Enganas-te Ricardo. Nunca passaste foi tanto calor!

Faço-me à estrada. Desta, na auto-estrada. Com este calor não posso andar a 50 à hora pelas localidades. Aqui, estas, são quase todas pagas e algumas bem más. Estreitas, com curvas perigosas, descidas e subidas acentuadas, muito trânsito, sobretudo de pesados…

O calor aperta. Hoje não vesti as calças do fato, nem as botas.
Pensava parar em Florência, já cá estive e gostava de deixar aqui umas fotos desta belíssima cidade.
Desisto. Quando vejo o desvio o termómetro marca 39,5º! Lamento!

O painel de instrumentos assinala uma anomalia. Pouco óleo no motor!
Bolas! Esqueci-me de ir vendo o nível durante a viagem…
Menos mal que não acendeu a luz amarela!
Na realidade sentia que as mudanças, principalmente as baixas, já entravam com um som demasiado metálico, como uma pequena martelada. Mas, penso que é uma característica da BMW, por isso nunca liguei muito…

Paro numa estação de serviço, têm o óleo recomendado pela BMW. Corrijo o nível e, ah! parece outra coisa!
A indicação de erro desaparece, sorriu e acelero auto-estrada fora. Direcção Livorno. Pago 22€.

Não foi difícil dar com o porto utilizado por esta companhia. À terceira tentativa, sem enganos, já estava no porto.
Pergunto a que horas abre a bilheteira – às 17 horas de amanhã.

Procuro um parque de campismo. Há um logo a 1 km dali.
Chego à recepção, perguntam de onde venho, para onde vou, fazem-me uma festa. Não pago piscina, posso sair no dia seguinte à hora que quiser – fantástico!

Já instalado no parque de campismo
O rapaz da recepção era motard, aponta-me com orgulho a sua BMW 1200 de estrada ali em frente!

Emoções

7h30, acordo com o despertar do telemóvel. Chovia, volto-me para o outro lado e adormeço… Olho para o relógio, 9 horas! Continua a chover…

Levanto-me tomo um banho, visto o impermeável decidido a conhecer o resto da baixa de Cracóvia.
Arrumo tudo na moto. Entretanto talvez a chuva passe. Não passou, não faz mal, fico pronto para partir.

Ponho-me a caminho. Num instante fico todo molhado. Eram uns 10 minutos a pé até ao centro…
Tiro algumas fotos, faço umas compras. Não reparo que a objectiva ficou molhada e parte das fotos são para mais tarde recordar, digo, apagar.
Desisto, tenho a roupa já empapada.

Jogo de xadrez
Prédio rústico
Esta senhora e o seu cão estavam imóveis à 10 minutos!
Tenho muita pena de não ter outras condições para visitar Cracóvia. Vale a pena um voo low cost e ficar aqui uns dias… tentarei fazê-lo mais tarde.
Ficou por visitar o gueto judeu e as casas com 500 anos ainda de pé. Fazia mesmo questão, mas era do outro lado do rio e já não conseguia ensopar mais água.

Aqui tropeça-se em monumentos pela quantidade de vestígios históricos.

Uma das muitas catedrais
Vi muitas referências ao Papa João Paulo II. No jardim da cidade estava a sua vida em imagens. Bonita exposição!
Tem uma estátua em seu nome e com todo o mérito!

Estátua ao Papa João Paulo II
Chego ao hotel, vou para a garagem. Está concorrida a esta hora… entre entradas e saídas ponho-me em cuecas (credo, também estão molhadas!) e troco a roupa toda! Que lata!
Subo à recepção para me darem o ticket de saída do parque, pergunto-lhes se estamos no verão ou no inverno, a moça encolhe os ombros…

As previsões apontam bom tempo para o resto da viagem. Já chega! Os únicos dias em que não choveu foram na Finlândia e no Báltico. Para quem nunca tinha conduzido à chuva foi um bom desafio!

Nestas condições prefiro ir fazendo uns Kms que estar parado, pelo menos ganho tempo.

A caminho de Auschwitz.

As coordenadas que levava no GPS não me levaram exactamente à porta. Não sabia, é um museu. Tinha visto imagens e andava à procura da linha do comboio a desembocar no edifício de tijolo rodeado de arame farpado mas, vim a saber mais tarde que isto fica a uns 3 km e é o campo de concentração de Birkenau, de visita obrigatória!
Vou ao museu e percebo que a visita começa ali. Aliás, deve começar ali.
Compro o bilhete, pago também o receptor com os auscultadores (essencial!) e, por sorte a visita guiada em espanhol era dali a 20 minutos. Ou melhor, eu pensava que já tinha começado, mas a Polónia adoptou menos uma hora no seu fuso horário e eu vinha ainda com as horas da Finlândia…

Não sei como descrever todos os sentimentos que me assaltaram nas horas seguintes!…
A emoção é forte, muito forte. Como tudo isto foi possível acontecer ainda há pouco menos de 70 anos?
Ouvimos falar nas barbáries da inquisição, mas isto!…

Entrada no campo de concentração de Auschwitz

Dupla barreira de rede electrificada e zona de fim de vida para alguns que se recusaram a entrar nos balneários...
Blocos de casernas, consultórios, prisões e salas de tortura
Muro de fuzilamentos
Balneário de duches, aliás - câmaras de gás!
Entrada de Birkenau. Pensava que não era possível encontrar algo pior que Auschwitz!
Fotografia da época. Desembarque - homens para um lado, mulheres e crianças para outro... Começava aqui a selecção!
Casernas em madeira, num local onde de Inverno se atingiam -20ºC... De centenas foram deixadas e mantidas um par delas para a história nos lembrar!
...o interior
Percorremos os blocos. Explicam-nos ao detalhe, ao pormenor, a história daqueles que porque nasceram de outra raça, credo ou com convicções diferentes ali sofreram e morreram! Foram ao todo 1,5 milhões de pessoas mortas entre 1940 e 45.
Tem de ser visto, deve ser visto. Faz parte da história e toda a gente deve saber da existência de Auschwitz, Birkenau e outros 40 campos de concentração que se encontram nas imediações, para que nunca mais tenhamos vergonha da espécie que somos.
Fico surpreso. A maioria dos responsáveis por este extermínio não foi julgada. Encontram-se sobre tudo no Brasil…

É-nos dito que salvo raras excepções tudo o que vemos foi mantido tal e qual como foi encontrado pelo exército vermelho aquando da libertação em Janeiro de 1945.
Isto torna o ambiente ainda mais fúnebre e pesado.

Não é minha intenção descrever aqui os detalhes desta visita!
Não tenho tão pouco nenhum dicionário comigo que me permita descrever com tantos adjectivos superlativos todos os sentimentos que me ocorreram hoje.
As imagens completam um pouco este cenário mas não chega!
A experiência tem de ser vivida!

Em Memória

18 horas. Digo à madalena, leva-me a Bratislava, República da Eslováquia.

A música tem sido um bom antídoto a momentos de nostalgia. Ligo o mp3 e sinto-me melhor.

Chego à fronteira, a mesma quantidade de camiões que encontro na entrada da Polónia! Não compreendo, paro e entabulo conversa com um alemão. O seu inglês ainda é pior que o meu, saí de lá na mesma, mas não encontro mais nenhum camionista…

Passo a fronteira e entro num novo país. Estou curioso!

Sempre que passo uma fronteira a primeira coisa que reparo, para perceber se a moeda é o euro ou não e, a taxa de conversão, são os preços afixados nas bombas de gasolina. Isto porque o preço da gasolina por toda a Europa é mais ou menos o mesmo.
Por exemplo aqui a gasolina 95 tem o valor de 35. Divido 35 por 1,5€ (estabeleço como média por litro) e tenho que, 1 euro é aproximadamente 23, no valor da moeda local.
Este cálculo é útil para perceber se estamos a pagar muito por qualquer outro produto ou serviço.

Na Polónia optei por não troca moeda. O banco leva-me sempre comissões, não sabia. Mesmo dentro da comunidade europeia!
Paguei tudo com cartão – viva o dinheiro de plástico!

Já serviu de brincadeira, numa ou noutra compra. Então como vai pagar? Com plástico!

Está a fazer-se noite! Escurece rapidamente e eu não estou habituado. Procuro uma saída de estrada mas as povoações sucedem-se e não encontro nada que valha a pena explorar…

Vejo vários hotéis. Aqui devem ser mais baratos. Paro num, e confirma-se. Pedem-me o equivalente a 20€. Não fico neste, pois não aceitam plástico e eu não tinha ainda trocado moeda. Nem vou trocar.
Paro no próximo e fico.

Pergunto na recepção as horas. É uma menina, hesito em lhe mostrar um mapa para que me diga onde estou. Elas aqui percebem de mapas! Diz-me logo, não estás na Eslováquia, estás na República Checa!
Ops! Não estava à espera desta! Pensei que tinha entrado na fronteira da Polónia com a Eslováquia! Por isso lançava olhares desconfiados à madalena – não encontrava as estradas e as povoações no mapa!

Organizo as fotos. Escrevo mais esta crónica e vou-me deitar.
Amanhã não me perco!

Album de fotos: Cracóvia – Polónia, Auschwitz – Polónia.

Dia de banho

Saio do hotel cedo. É segunda-feira, a cidade ainda não respira! Situo-me no mapa que me deram na recepção e vou direito ao centro da cidade.

As ruas desertas ou quase, não compreendo.
Fiquei desiludido com Tallinn, não com Riga e estou pouco optimista quanto a Vilnius. Desço as ruas vejo montras, edifícios antigos e penso – mas será que esta cidade não tem património histórico? Continuo, não desanimo.
Este mapa é só publicidade não ajuda muito!

Vislumbro as cúpulas de algumas igrejas, devem ser ortodoxas.

Igreja ortodoxa
Pouco tempo depois estou no centro. Ah! Agora sim! Afinal Vilnius tem mais para contar que Tallinn! Vou de monumento em monumento, tiro fotos, a cidade começa aos poucos a aquecer, juntam-se outros turistas e pelas 11 horas já se respira metrópole.

Passeando pela cidade
Gostei do que vi. Creio que o país ainda tem um grande caminho a percorrer para ficar ao nível do turismo letoniano, mas para lá caminha.
As ruas são limpas, há poucos grafitis e estes respeitam os monumentos.

Há no entanto alguma pobreza. Centros comerciais abandonados, pessoas nas ruas, de meia idade, de olhar vago, ora em bancos de jardim, ora em escadarias.
É a sensação de abandono, de que foram deixados e entregues a si próprios, ainda não adquiriram o seu protagonismo enquanto nação? Não sei!
Falta dinâmica a esta cidade, isso posso dizê-lo!

Do outro lado do rio a cidade nova que acabei por não visitar
Volto para o Hotel, arrumo as minhas coisas, faço o check out e fico à porta a carregar os mapas do gps durante mais uma hora! Que seca! O problema da madalena é este – falta de memória! E vá lá, vá lá que agora desde a última actualização já fala melhor!…
É aqui que, em pé, ao lado da moto, com o computador em cima do saco de depósito escrevo estas linhas.

Saio, direcção Varsóvia, Polónia.

Palacete nos arredores de Vilnius
Estava a aproximar-me da fronteira. Comboios de camiões faziam fila para entrar na Polónia. Muitos parados à beira da estrada, não percebi porquê.

Saio da Lituânia e, não sei se ainda em terra de ninguém, ou já na Polónia evito alguns buracos. Grandes buracos! De quem seria tamanha responsabilidade?

Previa não chegar hoje a Varsóvia, pois em conversa com um finlandês que veio deste país, diz-me que as estradas são lentas e passa-se por muitas aldeias.

Chovia a cântaros. A estrada até Varsóvia tem decalques nos rodados dos camiões, entrar e sair destes regos, aliás rios, pois iam cheios de água era assustador em alguns casos. Nunca se sabia se eram profundos ou não.

Nunca fiz tantas ultrapassagens e tantas infracções. Os comboios de camiões entravam na Polónia e faziam a mesma estrada que eu. As velocidades eram muito baixas, as aldeias sucediam-se e prolongavam-se, ninguém respeita os limites de velocidade. São tão ridículos que chega a ser compreensivo! Por tudo e por nada 70 e até 50 Km/h. Eu seguia os outros…

Às tantas tenho de parar. A chuva e o tráfego era tanto que a estrada parecia um chuveiro a borrifar para um lado e para o outro. Os camiões nem abrandavam, quando passavam por mim não era só a deslocação do ar que me chicoteava mas uma autêntico duche! Interminável!

Espero.
Espero que a chuva abrande e a estrada seque um pouco mais, o que não era difícil face à quantidade de água que era expelida pelos veículos.

Restaurante nos arredores de Varsóvia
Chego a Varsóvia já tarde.
Utilizo a mesma táctica do dia anterior. Apanho uma rede wireless aberta, ligo-me à net, procuro hotéis, selecciono os primeiros e, digo à madalena para me levar até lá.
Tento o primeiro, o segundo e o terceiro! Fui aos mais baratos, mas eram muito maus. Vou para o Ibis, tinha passado por ele e lembrei-me que já estive algumas vezes. pago mais, mas acaba-se este tormento!

Reclamo o preço, pois o site dava-me um valor mais baixo! Dizem-me que para ter esse valor teria de fazer a reserva pela net…
Então eu vou ali fora fazer, não saia daí… Era que me dava vontade de dizer, mas não disse.
Paguei e instalei-me!

Album de fotos: Lituânia, Varsóvia – Polónia.

O Viking tinha razão

Entro na Lituânia. Das fronteiras apenas as ruínas e assim é que deveria ser. As fronteiras são a razão do poder, da segregação dos povos, criam barreiras ao crescimento e à liberdade.

Aproxima-se uma borrasca das valentes! A temperatura desce. Trago vestida a roupa de verão por baixo do fato. As axilas abertas e as luvas todo o terreno. Paro, há que mudar de indumentária.
O vento aumenta de intensidade o que significa que vai começar a chover a qualquer momento…

Aproxima-se uma grande borrasca
Nem tive tempo de mudar de luvas! Ponho-me a caminho, mas é pouco seguro continuar. A estrada tem sulcos dos rodados dos camiões. Não se vêem pois estão cheios de água, só os sinto cada vez que me chego mais à direita ou à esquerda. Há demasiada água na estrada. Levo banho cada vez que passa um pesado em sentido contrário. Reduzo, paro de novo.
Deixo a moto à beira da estrada e recolho-me numa paragem de autocarro, a moto continua debaixo do chuveiro, eu aguardo…
Visto uma camisola, troco de luvas e já me sinto mais confortável.

...era um chuveiro!
O tráfego é intenso, os camiões mantêm a sua velocidade como se nada fosse. Os seus rodados chapinham no alcatrão e mandam a água toda para a faixa do lado. Um após outro, parece uma brincadeira dos jogos sem fronteiras, recordam!

Agora que reparo! O viking tinha razão, as pedras com esta chuva intensa, apontam os bicos para cima. Fotografo para mais tarde comentar…

O viking tinha razão, quando chove, as arestas pontiagudas ficam voltadas para cima
A chuva não pára e eu começo a ficar impaciente! Olho para sul, está melhor. Ponho-me a caminho. Daqui a uns kms já não deve chover.

Não foi bem assim, mas estava melhor!

Aproximo-me de Vilnius, capital da Lituânia. Quero conhecer um pouco de cada país e o melhor é ver as suas grandes cidades…

Sinto-me algo desconfortável. Hoje vou-me mimar. Pela primeira vez em quase 30 dias vou para um hotel!
Preciso de abastecer o depósito. 4,519Lt o litro da 95. Como desconfiava, não é em euros. Pago com cartão. Ponho o telemóvel a carregar, pois já vinha desligado há algumas horas. Preciso dele quando chegar a Vilnius.

Entro no centro da cidade, procuro uma rede wireless aberta, agora não há tempo para andar a desencriptar redes. Acedo à aplicação Booking.com e procuro hotéis. Excelente! Encontro um a apenas uns quarteirões e por menos de 30€.
Morada no GPS, chego, têm quartos, confirma-se o preço, fico.

Uma simpatia, o rapaz da recepção repara que sou português e comenta – de tão longe? E, ainda venho de mais longe! Conto-lhe um pouco da viagem. Diz-me que gostava de conhecer a ilha da Madeira, falo-lhe nos Açores, dá-me um mapa de Vilnius e indica-me alguns bares…

Vilnius no dia seguinte
Amanhã vou conhecer a cidade!

Album de fotos: Lituânia.

Penitência ou Preikestolen

Não dou pelos dias. Não faço ideia às quantas ando!
Atravesso fronteiras e pergunto as horas, por vezes o dia da semana, com a sensação de que os dias esticam, são eternos. Por um lado parece que saí de casa há muito tempo e tenho saudades, por outro não me canso de viajar. Sabe-me bem, estou feliz.

Hoje vou visitar Preikestolen, ou Púlpito do Pregador. É uma falésia de 604 metros que se ergue sobre o Fiorde de Lyse em Forsand. Uma grande atracção turística da Noruega. Durante os quatro meses do verão de 2006 cerca de 95.000 pessoas percorreram os 3,8 km de caminhada até o Preikestolen, fazendo dele uma das atracções mais visitadas do país.

Percurso
Dizem-me no parque de campismo que tenho de sair até às 11 horas. Reclamo, mas compreendo. Assim se faz negócio.
Tinha de me levantar às 5 da manhã se quisesse subir e estar a horas de arrumar tudo antes das 11h – não me apetece!
Assim, acabo por deixar o parque, com tudo arrumado e o risco de abandonar as coisas sei lá aonde para subir a montanha durante umas boas horas.

Ah! Há um parque de estacionamento pago! Óptimo, entro, estavam mais umas 5 motos, estaciono ao lado – não deve haver problema! Estamos na Noruega e todos eles deixaram capacetes, botas, ou casacos no chão ou em cima da moto.

Descalço as botas, ponho-as no saco, pelo sim pelo não. Calço uns sapatos todo o terreno, entenda-se os únicos que trouxe, all road – cidade e montanha e, ponho-me a caminho…

Outros pontos de interesse
A subida é penosa. Vejo gente a descansar, sobre tudo os mais velhos. Sinto-me também cansado e ponho-me a pensar porquê! Estou farto de fazer coisas destas!
Não como desde ontem, não trouxe água comigo nem comida! Que parvo! Mas este não sou eu!
Bem, voltar para trás está fora de questão. Água há em todo o lado, comida paciência… também não chega a 4 Km, quase 8 ida e volta!
Foi uma penitência! Nunca pensei que com o jejum do dia anterior me fosse tão difícil chegar ao topo.
Tiro fotos, tiram-me fotos, tiramos fotos a uns e a outros – todos tiram fotos!

A caminho do topo
Chegada ao topo
No topo do Preikestolen
A vista do topo é espectacular! O precipício, um abismo! É uma plataforma rochosa, única, de 25 por 25 metros, quase plana. Coincidimos nos olhares uns dos outros, felizes por ter chegado ali. A contemplação é a recompensa deste esforço.
Fico também uma meia hora. Não a descansar mas a absorver toda aquela envolvência.

Começo a descida. Lembro-me que tenho uma caixa de pastilhas na mochila. Têm açúcar, emborco-as todas, sinto-me um bocadinho melhor! Faltavam-me as forças, tropeçava, trocava os pés, fazia piruetas, foi uma sorte não ter caído. A descida ainda foi pior, como de costume!

Chego, finalmente. Procuro por um café, qualquer sítio que venda qualquer coisa – quero açúcar rápido, já não me aguento em pé.
Compro um gelado. Bebo um refrigerante e descanso um pouco antes de me pôr a caminho.

Regresso aos fiordes
No dia anterior atravessei o país de leste para oeste, agora é sempre para norte! Yuppi!

Album de fotos: Noruega.

Não é cabra, é ovelha!

Arrumo a bagagem. Monto tudo na moto. Começo a pensar que poderia ter deixado parte das coisas em casa, mas este será um assunto de reflexão no fim da viagem.

Olho para o mapa. Gosto de mapas, dão-me a ideia da dimensão, de estradas turísticas, de cotas, de parques naturais, coisa que a madalena por vezes não me dá. O GPS é útil quando definimos um trajecto, quando temos tempo para preparar a viagem com antecedência, quando queremos encontrar uma morada e quando queremos perceber se na rota existe um lago, mas não o vemos…

Traço o trajecto, escolha as estradas sugeridas como panorâmicas, corto caminho pelas secundárias, gosto delas estreitas e esguias, com buracos. Quanto mais curvas mais gosto delas e neste caso selecciono um trajecto pela montanha. Queres ver neve? Vais tê-la!
Destino – Preikestolen!

Um dia de paisagens lindas. Sol por entre as nuvens e céu azul tímido caracterizam as primeiras centenas de km.
Assim que saio de Oslo o relevo acentua-se. Subo e desço a vales. A paisagem é toda verde. Adoro o verde, adoro o Sol – dá-me ânimo!

Saída de Oslo - verde, verde, verde!
Lagos que recordam os posters que comprava em miúdo
O primeiro estradão em terra batida que apanho desde Portugal
Cascata sobre um penedo
Zona de piqueniques em plena montanha
Desvio à direita. Um risco no mapa, desço na categoria das estradas, aumento no gozo da condução. Começo a perceber a sensação que me transmitiram sobre as estradas da Noruega.
Quando se sai das cidades as estradas são pouco movimentadas e o pavimento apesar de desgastado pela intempérie tem um atrito fantástico com os pneus. As curvas fazem-se quase em ângulos agudos, quanto mais pequenos maior a sensação!
É uma estrada de montanha. Subo e subo. Subo aos 900m. Eis a neve, à beira da estrada, se quiser posso parar e tocar-lhe, mas não faço, pois está frio e nevoeiro e, sei que vou ter muita nos próximos dias. Temperatura, 10º.

primeiros vestígios de neve no sul da Noruega
Sinais de perigo para animais de pasto. Reduzo e tomo os devidos cuidados. Vejo realmente rebanhos. Ovelhas pastam a pouca erva que aqui existe! Mas porquê ter estes animais aqui se podiam pastar em terras baixas, com mais erva e menos frio! Não sei!?
Passo por uma ovelha ferida, à beira da estrada acompanhada por um borrego pequenino. Percebo que estava ferida pois não se moveu e tinha uma mancha de sangue à sua volta. Desgraçada! Algum distraído que não a viu e a atropelou! Tomo ainda mais cuidado, não quero levar este peso na consciência.
Cruzo-me com outros carros. A alguns faço-lhes sinal para irem mais devagar. A estrada dá para um carro e pouco mais…
Vejo uma pick-up, e percebo que deve ser o pastor. Páro, tento explicar-lhe que a uns 10 Km tem uma ovelha ferida. Bolas e agora como se diz ovelha, só me lembrava de cabra! Lá esbocejo um mé-éé-éé, e acho que ele me percebe! Realmente à situações… Boa sorte ovelhinha – penso cá para comigo, o mais certo é ires para a panela… enfim!

As estradas melhoram, mas não o nevoeiro. Apanho um ferry. O meu primeiro de muitos ferry’s pelo que me disseram!

O primeiro ferry
Pensei que fosse complicado, pois imaginava os ferrys de Lisboa. Dizer para onde queria ir, tirar o bilhete, por-me na fila… Mas não, foi rápido. Uma bilheteira, uma cancela, pago, abre-se, dirijo-me ao barco e atravessamos o fiorde.
Mas, afinal porque fazer cruzeiros se se vê o mesmo atravessando os fiordes de ferry? Para além de ser muito mais barato!

Mais uns Kms e encontro um camping de suporte aos visitantes do Preikestolen. Fico.

Album de fotos: Noruega.

Oslo

Levanto-me o mais cedo que posso. Vejo que estou mesmo de frente para uma vivenda mas não faço ideia onde!
Arrumo, tudo molhado e, ala para Oslo.

Fronteira com a Noruega, nada a declarar, a não ser estar farto de chuva! Peço bom tempo…

Chego a Oslo e instalo-me.
Troco impressões com um holandês, simpático, também motard. Falamos sobre as experiências de cada um. Ele deu uma volta pela Noruega pela segunda vez, para completar alguns locais que não teve oportunidade de conhecer anteriormente.
Também se queixa do frio e da humidade, diz que está habituado mas isto é demais – temperaturas de 10º, durante horas a fio e sempre a chover, não é para ele. Constipou-se a sério (ainda lhe ofereci uns lenços :-)) e agora estava desejoso de voltar para casa.
Adora a Noruega. Recomenda-me – não te esqueças das ilhas Lofoten! Prometo-lhe que irei. Trocamos contactos, despedimo-nos.

No dia seguinte visito a cidade. Compro o Oslo Pass que me custou 230 coroas, e posso viajar em todos os transportes públicos da cidade e visitar museus.
Arranjo um mapa, apanho o autocarro para o centro, levanto coroas num ATM e vou para o porto.

Contraste entre o céu e o mar no porto de Oslo
Um dia não é muito tempo, mas é o que se pode ter numa viagem com distâncias tão grandes a cumprir.
Selecciono alguns museus que me permitissem conhecer melhor a história deste povo,

  • Norsk Folkemuseum – Norwegian Museum of Cultural History
  • Vikingskipshuset – Viking Ship Museum
  • Kon-Tiki Museet – The Kon-Tiki Museum, relata a expedição RA
  • Frammuseet – The Polar Ship FRAM

…quase todos ligados ao mar!

Tinha ainda seleccionado o museu de história natural mas não tive tempo! Sempre que posso gosto de visitar este museu e o da ciência…

Apanho o barco para Bygdoy.
O Oslo Pass ficou mais que pago! Só o Norsk Folkemuseum eram 200 coroas.
Gostei deste em especial, que reconstrói toda a história da Noruega, focando a evolução dos países escandinavos desde a época medieval até aos tempos recentes. Com peças de vestuário, as conquistas, os vinkings, a monarquia e até os brinquedos.
Cá fora podemos visitar as 155 casas antigas das regiões interiores, uma réplica de todo o país. Em cada casa encontra-se um anfitrião vestido a rigor e à época. Assim que entramos numa dessas casas sentimos o ambiente, como tivéssemos voltado séculos atrás…

Pormenor do Norsk Folkemuseum
Casas típicas da Noruega
Interior de uma farmácia do séc. XIX
O Kon-Tiki Museet é impressionante, sobre tudo para quem já tenha lido o livro desta epopeia – expedição RA II… um norueguês, Thor Heyerdahl, aventureiro e defensor do meio ambiente, provou que era possível colonizar os diversos continentes muito antes dos descobrimentos portugueses, espanhóis e holandeses.
Construiu um barco em junco e navegou entre os continentes estabelecendo algumas das rotas marítimas hoje utilizadas. O museu tem uma destas embarcações. O livro contempla uma das viagens – impressionante!

Barco utilizado pela Expedição RA II
Outro barco utilizado em expedições anteriores
Regresso, como qualquer coisa e dou uma volta pela baixa histórica.
Há muitos turistas e é difícil distingui-los porque a maioria é nórdica, loiros e loiras, altos e elas bonitas.
Vou perguntando, onde é, onde fica. Gosto de interagir com os locais e perceber a sua simpatia preenche-nos a alma principalmente quando viajamos sozinhos.

A Ópera em Oslo é um edifício moderno, lindo. Foi construído para que as pessoas o possam sentir, misturarem-se, ligarem-se àquela obra de arquitectura.
Andei, subi, desci, entrei e, saí realizado e feliz – é grandioso!

Ópera de Oslo
Ópera de Oslo
Entrada na ópera de Oslo
Gostei de Oslo. É uma cidade frenética, bonita, com grandes portos marítimos como manda a tradição deste país mas, não era aqui que me via a viver.

Avenida no centro de Oslo
Mais tarde encontro uns motards espanhóis. Vieram do Cabo Norte, têm o tempo contado e andam a fazer quase 1000Km por dia. Loucos!
Dão-me referências, dizem-me – amanhã já vais ver neve nas montanhas!
Uau! Gosto de ver neve, tal e qual um garoto gosta de ver o mar quando vive no interior…

Escrevo mais um crónica, ligo-me à net, actualizo umas fotos para o servidor e vou-me deitar. Cada vez escurece mais tarde! São 23 horas e há uma luminosidade incrível.

Album de fotos: Noruega

As suecas

Dia 18, Dinamarca, que meio dia, hoje molenguei. Ponho-me a caminho. Adeus Lego do meu coração e de tantas brincadeiras.

A madalena não colabora! Já andava a ameaçar… por vezes, quando a ligo, teima em carregar os mapas e, reinicia. Reinicia em ciclos perpétuos até que, passado uma ou mais horas eis que regressa à vida!
Já a ameacei – chegas à Suécia, troco-te por uma sueca!

Desci das terras altas da Dinamarca, com muitas paisagens na memória mas poucas para partilhar convosco. A chuva e os últimos episódios deixaram-me sem vontade.
Billund fica quase a norte na Dinamarca. Sigo em direcção a Sul e depois contorno para Leste.
Visito Copenhaga e a pequena sereia.

Canal em Copenhaga
Canal em Copenhaga
Rua que bordeia este canal
Pequena sereia de Hans Christian Andersen

Bonitas paisagens que alternam com chuvas intensas. Não chego a secar as luvas e o fato. Por isso não paro para tirar fotos. Foi algo que aprendi à custa de o fazer algumas vezes. Quando tiro as luvas, com as mão húmidas é mais difícil de as calçar, ficam geladas e o desconforto aumenta…

Percebo que tenho de passar portagens. Não gosto, tenho de tirar as luvas de inverno e deixo uma grande fila para trás.
Passo duas grandes pontes antes de chegar à Suécia. A última, que liga estes 2 países é fabulosa. Na Dinamarca entra-se num túnel de alguns quilómetros, o que permite o tráfego marítimo no canal, depois ascendemos à superfície e entramos numa ponte.

Ponte de entrada na Suécia
Quando saio, chove. Mas é uma chuva como nunca apanhei. Vem de Sul com vento forte. Entra-me na viseira, e pelo pescoço abaixo. Sinto-me pesado com o fato e as luvas encharcadas, mas seco.
Passo a primeira junção em metal da parte alta da ponte e a mota foge de lado. Preparo-me para a saída, mas aí portou-se bem.
Chego à portagem, e eis que me deparo com uma sueca linda. Afinal não é só fama! Elas são mesmo bonitas! Como é que uma mulher destas está a fazer serviço numa portagem? Devia, talvez, era ser manequim! Bem, só se aqui abundarem manequins e a escolha for muito mais refinada!
São bonitas, disso não há dúvida!

Avisto a torre de Malmo. Aquela obra de engenharia que, não percebo porquê, erros de calculo será, deixaram-na não só torcida como torta, pois cai para um dos lados… como a torre de Pisa!

Torre em Malmo
Malmo é uma cidade bonita. Muito plana à excepção de novas edificações que se vão construindo e, garanto-vos aqui há muita construção!

Como todas as grandes cidades, existe a parte antiga, quando baste neste caso e a parte nova. Esta, a nova, faz-me lembrar o parque das nações. Espaços arquitectónicos, bem desenhados, modernos e confortáveis.

Dou com uma pequena festa que atrai locais e turistas. Ensinam algumas danças latinas, bem gostava mas tenho as pernas demasiado entorpecidas! Fico por ali a descansar um pouco e a imiscuir-me naquele ambiente…

Tempo de ir procurar algum local para ficar, é tarde! Para variar, começa a chover. Péssimo, logo a esta hora!
Vou-me habituando…

Na Suécia, Noruega e Finlândia é permitido acampar em qualquer local desde que se respeitem os 150 metros da habitação mais próxima… mas não é fácil! Ao contrário do que pensava, pois não há saídas de estrada. As que há vão ter a casas e, não adianta, é procurar a próxima, e a próxima, e a próxima…
Era bem tarde quando, já cansado encontro um local possível de ser algo dentro do permitido e aceitável.
Monto a tenda à chuva, nem tiro o capacete e o fato, foi mesmo assim.
Detesto quando isto acontece! Tudo molhado, tudo húmido!

No dia seguinte...
Acto diário de (des)fazer a barba,

a (des)fazer a barba.
A moral desce e desisto de ir a Estocolmo. Paciência. Dependendo do tempo, se me apetecer depois apanho um barco de Helsínquia e visito esta cidade. Amanhã, Oslo, Noruega!

Album de fotos: Dinamarca, Suécia.

Legoland

A história do pneu esta-me atravessada!
Sei que nós portugueses somos desenrascados e sabemos bem o que é improvisar, mas aqui não conhecem mesmo este termo ou então são melhores que nós no negócio! Deve ser isso, pois sinto-me enganado.

Disse para a assistência em viagem que não precisava de reboque, preciso é que me levem a uma oficina de pneus, pois já tinha desmontado a roda.
Assim fizeram. cerca de 1 hora depois chega-me um carro da assistência com um viking lá dentro 🙂
Digo um viking, pois era tal e qual o que imaginava deste povo. Cabelo loiro grisalho, homem robusto e, o toque final, um bigode também loiro enorme, a revirar para cima nas extermidades!
É nestes momentos que me devia lembrar de tirar uma foto… Passou!

Olhou para o pneu e disse – hum, this a big hole. You need a new tyre!
Pronto já estou feito, lá se vai o orçamento.
E continua – aqui na Dinamarca não remendamos pneus, se a polícia nos apanha com remendos que possam causar acidentes, como esse furo grande apanhamos uma grande multa!
Oh homem, só vou ficar aqui mais um par de dias!
Ah! Mas a responsabilidade é minha.
Mas eu assino um papel em como me responsabilizo!
Irredutível!
Boa vontade não lhe faltava. Fez há vontade uns 8 telefonemas para conseguir encontrar alguém que reparasse ou substituísse o pneu, na sua opinião.
Lá demos com um representante da Yamaha, pois a BMW ficava a 80 Kms e eu tinha de pagar mais, mas já vamos às contas…
Entramos, só têm um pneu com estas características e é de estrada. Um Bridgstone, lisinho, lisinho como eu não gosto nada! Custa 1560 coroas.
Reclamo. Ligam para a BMW Motorrad de Oldog. Sim têm pneus – sorriu!
Ah, mas tens de pagar mais umas coroas, são 1600. De acordo vamos lá. Espera, eu recebo há hora, e a tua companhia só me paga uma hora a 750 coroas. Eu levo-te mais 2500 coroas da primeira hora e 1500 pelas seguintes.
Quanto é que isso dá?
Bom ah, 5500 coras mais 1600 do pneu!
Mas isso dá-me para ir a Portugal, colocar 2 pneus e voltar! Digo indignado.
Eu acho que deves aceitar esta proposta, metes este pneu de estrada e segues viagem.
Concordei. Era a opção mais racional e mais económica. Aliás, se não olhasse para o pneu nem daria mais por ele. Que se lixe, também vou fazer 99% de alcatrão…
Enquanto mudavam o pneu na jante, fomos levantar coroas. 1€ = 7,05 coroas dinamarquesas. Levantei 2000, arrependido por não ter experimentado primeiro o kit da touratech, já que, este pneu ía lá ficar! Que burro, se calhar ainda o levava esquecido até Portugal como me costuma acontecer nas minhas reparações de improviso!
Um dia parte-se-me o terminal que faz de batente de um cabo de embraiagem. Afinfei-lhe na ponta com um alicate de pressão, veio para Portugal e andei com ele não sei quanto tempo mais, esquecido de tal artimanha.

Bem, vamos embora. Não serve de nada chorar no molhado… Lá estou eu com a chuva, isto é já traumatizante!
O viking insiste em pegar no pneu, replica mais uma vez que a responsabilidade é dele!
Chegamos e diz-me descaradamente, olha agora montas tu o pneu, eu tenho de me ir embora senão pagas mais…
Puxei-lhe o bigode – quase, mas não o fiz, e despedi-me.

Pelo menos já podia rolar! Caramba este pneu fica mesmo mal nesta moto!
Arrumo tudo e faço os 17Kms que deveria ter feito na véspera até Billund. Entro no parque de campismo, hesito entre 1 a 2 dias. 165 coroas por dia! Arre! está decido – 1 dia! Têm Internet? Sim e é gratuita! Fixe, ao menos isso.

Monto a tenda, arrumo tudo, mudo de roupa e ponho-me a caminho da Legoland.

Parque de campismo de Billund
Legoland

Entrada 285 coroas, 40€. Vá, é uma vez na vida.

Entrada da Legolandia
O sonho torna-se realidade, renasço, volto a ter os meus 6 ou 7 anos, delicio-me quero tocar, mexer, brincar… Ei! saia daí, não pode andar aí a brincar com as peças! Não era para mim, mas para uma criança que estava ao meu lado e fez o que eu tanto queria fazer – boa puto!

A Legolandia é, à semelhança de Madurodam na Holanda – agora percebem por que é que tanto gosto de miniaturas… uma parque temático, neste caso feito todo em Lego, dos países mais próximos e dos temas que o Marketing da Lego pretendem vender mais. À parte do interesse comercial, é lindo! Lindo, lindo, lindo!

A zona de construção Lego é muito mais pequena que Madurodam. No entanto não deixa de ser impressionante. Por vezes cada tema tem mais de 2 milhões de peças!
Notam-se semelhanças na engenharia da construção e movimento das cenas – não sei quem terá sido o primeiro…
Em destaque estava a área da guerra das estrelas, muito bem caracterizada.

Caracterização da Guerra das Estrelas
O resto do parque era sobre tudo recreativo.

Zona de restaurantes

Os miúdos podiam tirar bilhetes para “andar em tudo” e vale bem a pena.
Água não faltava. Praticamente todas as diversões aqui andam à volta da água. Os barcos de Lego e o tema dos Piratas eram os mais comuns.
Era divertido por si só ver a alegria das crianças! Quem me dera ter esta idade ou ter trazido aqui os meus filhos…

Lago dos tubarões
Lago dos piratas
Montanha russa
Montanhas russas, com água e sem água, lagos com barcos de piratas e tesouros, minas e comboios fantasmas, mais barcos e mais água, castelos e princesas, túneis e um zoo com grandes animais na selva, tudo em Lego. Fantástico!

Tiro fotos até, mais uma vez, ficar sem bateria na máquina – paciência, creio que tirei a tudo, depois escolho as melhores.
Foram 3 horas e meia de puro divertimento – parecia um puto a sorrir para toda a gente. Sorrisos cativam sorrisos e por vezes tinha a recompensa de ver os meus retribuídos por crianças e adultos.

18 horas, fechou. Lojas de suvenirs, mas não comprei nada. Trago a recordação deste dia e muitas fotos para partilhar convosco.

Chego ao parque, ligo-me por wireless e pede-me a password. Vou à recepção – não, estamos com um problema… volte mais tarde. Voltei mais tarde, a mesma história. E outra vez… Paciência. Amanhã descubro uma rede onde me pendurar…

Ocupo o meu tempo a carregar equipamento, máquina fotográfica, computador, está tudo pronto para amanhã.
São 21 horas e o sol está alto, alto demasiado para os nossos padrões. Imaginem, estiquem o braço, abram um palmo onde um dedo toca o horizonte e o outro toca o sol. Já viram a altura?
Tirito de frio, 13 graus lá fora e os dinamarqueses andam em manga curta.

São agora 20 para as 11 e ainda há luz. Vou-me deitar!

Album de fotos: Dinamarca.