Emoções

7h30, acordo com o despertar do telemóvel. Chovia, volto-me para o outro lado e adormeço… Olho para o relógio, 9 horas! Continua a chover…

Levanto-me tomo um banho, visto o impermeável decidido a conhecer o resto da baixa de Cracóvia.
Arrumo tudo na moto. Entretanto talvez a chuva passe. Não passou, não faz mal, fico pronto para partir.

Ponho-me a caminho. Num instante fico todo molhado. Eram uns 10 minutos a pé até ao centro…
Tiro algumas fotos, faço umas compras. Não reparo que a objectiva ficou molhada e parte das fotos são para mais tarde recordar, digo, apagar.
Desisto, tenho a roupa já empapada.

Jogo de xadrez
Prédio rústico
Esta senhora e o seu cão estavam imóveis à 10 minutos!
Tenho muita pena de não ter outras condições para visitar Cracóvia. Vale a pena um voo low cost e ficar aqui uns dias… tentarei fazê-lo mais tarde.
Ficou por visitar o gueto judeu e as casas com 500 anos ainda de pé. Fazia mesmo questão, mas era do outro lado do rio e já não conseguia ensopar mais água.

Aqui tropeça-se em monumentos pela quantidade de vestígios históricos.

Uma das muitas catedrais
Vi muitas referências ao Papa João Paulo II. No jardim da cidade estava a sua vida em imagens. Bonita exposição!
Tem uma estátua em seu nome e com todo o mérito!

Estátua ao Papa João Paulo II
Chego ao hotel, vou para a garagem. Está concorrida a esta hora… entre entradas e saídas ponho-me em cuecas (credo, também estão molhadas!) e troco a roupa toda! Que lata!
Subo à recepção para me darem o ticket de saída do parque, pergunto-lhes se estamos no verão ou no inverno, a moça encolhe os ombros…

As previsões apontam bom tempo para o resto da viagem. Já chega! Os únicos dias em que não choveu foram na Finlândia e no Báltico. Para quem nunca tinha conduzido à chuva foi um bom desafio!

Nestas condições prefiro ir fazendo uns Kms que estar parado, pelo menos ganho tempo.

A caminho de Auschwitz.

As coordenadas que levava no GPS não me levaram exactamente à porta. Não sabia, é um museu. Tinha visto imagens e andava à procura da linha do comboio a desembocar no edifício de tijolo rodeado de arame farpado mas, vim a saber mais tarde que isto fica a uns 3 km e é o campo de concentração de Birkenau, de visita obrigatória!
Vou ao museu e percebo que a visita começa ali. Aliás, deve começar ali.
Compro o bilhete, pago também o receptor com os auscultadores (essencial!) e, por sorte a visita guiada em espanhol era dali a 20 minutos. Ou melhor, eu pensava que já tinha começado, mas a Polónia adoptou menos uma hora no seu fuso horário e eu vinha ainda com as horas da Finlândia…

Não sei como descrever todos os sentimentos que me assaltaram nas horas seguintes!…
A emoção é forte, muito forte. Como tudo isto foi possível acontecer ainda há pouco menos de 70 anos?
Ouvimos falar nas barbáries da inquisição, mas isto!…

Entrada no campo de concentração de Auschwitz

Dupla barreira de rede electrificada e zona de fim de vida para alguns que se recusaram a entrar nos balneários...
Blocos de casernas, consultórios, prisões e salas de tortura
Muro de fuzilamentos
Balneário de duches, aliás - câmaras de gás!
Entrada de Birkenau. Pensava que não era possível encontrar algo pior que Auschwitz!
Fotografia da época. Desembarque - homens para um lado, mulheres e crianças para outro... Começava aqui a selecção!
Casernas em madeira, num local onde de Inverno se atingiam -20ºC... De centenas foram deixadas e mantidas um par delas para a história nos lembrar!
...o interior
Percorremos os blocos. Explicam-nos ao detalhe, ao pormenor, a história daqueles que porque nasceram de outra raça, credo ou com convicções diferentes ali sofreram e morreram! Foram ao todo 1,5 milhões de pessoas mortas entre 1940 e 45.
Tem de ser visto, deve ser visto. Faz parte da história e toda a gente deve saber da existência de Auschwitz, Birkenau e outros 40 campos de concentração que se encontram nas imediações, para que nunca mais tenhamos vergonha da espécie que somos.
Fico surpreso. A maioria dos responsáveis por este extermínio não foi julgada. Encontram-se sobre tudo no Brasil…

É-nos dito que salvo raras excepções tudo o que vemos foi mantido tal e qual como foi encontrado pelo exército vermelho aquando da libertação em Janeiro de 1945.
Isto torna o ambiente ainda mais fúnebre e pesado.

Não é minha intenção descrever aqui os detalhes desta visita!
Não tenho tão pouco nenhum dicionário comigo que me permita descrever com tantos adjectivos superlativos todos os sentimentos que me ocorreram hoje.
As imagens completam um pouco este cenário mas não chega!
A experiência tem de ser vivida!

Em Memória

18 horas. Digo à madalena, leva-me a Bratislava, República da Eslováquia.

A música tem sido um bom antídoto a momentos de nostalgia. Ligo o mp3 e sinto-me melhor.

Chego à fronteira, a mesma quantidade de camiões que encontro na entrada da Polónia! Não compreendo, paro e entabulo conversa com um alemão. O seu inglês ainda é pior que o meu, saí de lá na mesma, mas não encontro mais nenhum camionista…

Passo a fronteira e entro num novo país. Estou curioso!

Sempre que passo uma fronteira a primeira coisa que reparo, para perceber se a moeda é o euro ou não e, a taxa de conversão, são os preços afixados nas bombas de gasolina. Isto porque o preço da gasolina por toda a Europa é mais ou menos o mesmo.
Por exemplo aqui a gasolina 95 tem o valor de 35. Divido 35 por 1,5€ (estabeleço como média por litro) e tenho que, 1 euro é aproximadamente 23, no valor da moeda local.
Este cálculo é útil para perceber se estamos a pagar muito por qualquer outro produto ou serviço.

Na Polónia optei por não troca moeda. O banco leva-me sempre comissões, não sabia. Mesmo dentro da comunidade europeia!
Paguei tudo com cartão – viva o dinheiro de plástico!

Já serviu de brincadeira, numa ou noutra compra. Então como vai pagar? Com plástico!

Está a fazer-se noite! Escurece rapidamente e eu não estou habituado. Procuro uma saída de estrada mas as povoações sucedem-se e não encontro nada que valha a pena explorar…

Vejo vários hotéis. Aqui devem ser mais baratos. Paro num, e confirma-se. Pedem-me o equivalente a 20€. Não fico neste, pois não aceitam plástico e eu não tinha ainda trocado moeda. Nem vou trocar.
Paro no próximo e fico.

Pergunto na recepção as horas. É uma menina, hesito em lhe mostrar um mapa para que me diga onde estou. Elas aqui percebem de mapas! Diz-me logo, não estás na Eslováquia, estás na República Checa!
Ops! Não estava à espera desta! Pensei que tinha entrado na fronteira da Polónia com a Eslováquia! Por isso lançava olhares desconfiados à madalena – não encontrava as estradas e as povoações no mapa!

Organizo as fotos. Escrevo mais esta crónica e vou-me deitar.
Amanhã não me perco!

Album de fotos: Cracóvia – Polónia, Auschwitz – Polónia.

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