Amsterdão
Não porque aqui venha muitas vezes, mas porque tenho tios e primos a viver por toda a Holanda! A escolha é tanta que é difícil agradar a todos e, quanto mais tempo aqui estivesse mais teria de me repartir.
A percepção da Holanda deu-se imediatamente após ter saído da fabulosa auto-estrada de 5 faixas em cada sentido – uma visão pombalina deste país. Todas as faixas compactas a rolar no limite de velocidade!
Saio da via rápida, entro em Amstelveen, semáforo vermelho, eu à frente da fila, e imediatamente cruzam dezenas de bicicletas em ambos os sentidos – ei! cheguei à Holanda, pensei!
Ainda sobre o trânsito… nos dias seguintes dei passeios a pé e de bicicleta, como não poderia deixar de ser. Existem as estradas, que conhecemos, os caminhos para as bicicletas, paralelos às estradas, e os passeios para as pessoas. Cruzar uma estrada é complicado nos primeiros dias, pois identificar cada um destes corredores, atender ao sentido de circulação e não ser atropelado por estes objectos de 2 rodas dos mais diversos modelos, é obra!
Tanta bicicleta implica grandes espaços para estacionamento. E encontrar a sua bicicleta, para estes holandeses parece tarefa fácil…
As bicicletas são justificadas também pelo facto do estacionamento automóvel nas grandes cidades ser muito caro. Em Amsterdão, por cada hora paga-se 3€.
Assim como acontece nas horas de ponta, cuidado, quando vemos uma bicicleta o condutor tem um objectivo, que é chegar ao destino, cumprir o seu compromisso. Os holandeses não andam em passeio aos dias de semana!
Como respondia ao meu filho, quando pequeno e me perguntava – pai, quanto é que aquele carro dá? – a resposta aqui é – depende das pernas. E não queiram estar à frente de uma, pois é garantida uma ida ao hospital…
Claro, tive de aprender regras novas. Há sinais no chão, em cada cruzamento que indicam quando as bicicletas têm prioridade, creio que lhes chamam dentes de crocodilo. Geralmente encontram-se à saída das rotundas e há que dar passagem a estes veículos.
As motos grandes não se vêem muito por estes lados e cada vez que saio sou mirado por alguns locais mais curiosos.
Outra coisa, o trânsito aqui flui! Sério, é fantástico – muitos dos sinais luminosos são inteligentes, digo, têm sensores e assim que o tráfego de uma das faixas passa imediatamente o sinal muda. Nos cruzamentos não se espera e os engarrafamentos são mínimos, a não ser nas entradas das grandes cidades…
As casas
Estou maravilhado! Era assim que gostava de ter uma casa – janelas grandes de parede a parede, vidros duplos para insonorizar e isolar nos dias frios, muita luz por toda a casa…
Passear na rua observar estas casas é delicioso. Não como voyer mas com a simples curiosidade de conhecer o seu estilo de vida.
A maioria não tem cortinas, cortinas de renda como nós. Têm cortinados que se fecham apenas quando vão dormir. O Sol nestes dias de Junho clareia às 4h30 assim, as cortinas permitem mais 1 a 2 horas de descanso.
Como dizia, o olhar através da janela revela a sala, mais simples, como eu gosto, confortável e o pátio de trás também iluminado pela janela do fundo. Perscruta-se um pequeno jardim com relva, brinquedos de criança e um barbeque… sim, eles também gostam de churrasco!
Na verdade não se compreende, face ao preço do metro quadrado do vidro que sejam tão caras. A pedra, o cimento e o tijolo apenas dão a estrutura ao edifício, o resto é vidro. Muitas já vêem pré-fabricadas… porque são tão caras? O preço do terreno? O preço da mão-de-obra? É certo que a Holanda conquistou as suas terras ao mar, mas mesmo assim…
Uma pequena vivenda, com 2 pisos, tal como descrevo, numa cidade periférica a Amsterdão custa entre 250 a 300 mil euros…
Os espaços circundantes são muito agradáveis. Verdes, com pontes sobre os canais, a relva que cobre quase tudo, sempre aparada. Muitas árvores e pássaros. Aqui dominam os corvos em duas espécies que identifiquei, ao invés das pombas em Lisboa.
Cada canal ou lago é populado por uma família de patos e, cheguei a ver uma destas famílias, a pata com os seus patinhos, a atravessar uma estrada na cidade para ir de um canal a outro.
Não vi cães à solta, gatos sim.
Os animais aqui são muito estimados e respeitados. É comum ver os filhos a pé e os cães, os pequenos cães, ao colo! Disseram-me que há quem adapte carrinhos de bebés para os seus cães.
A razão de tamanha devoção deve-se a que na segunda grande guerra a holanda sobreviveu à fome graças aos seus animais domésticos – não sabia, e apesar do exagero, compreendo!
As pessoas
Adoro observar as pessoas. São elas a razão das cidades, são elas o melhor ou o pior destas metrópoles e transmitem todos os sentimentos e sensações cosmopolitas das grandes capitais.
Na primeira impressão os holandeses são frios. Um olhar insistente para um holandês ou holandesa bonita revela, para um latino, distanciamento. São olhares fugazes, tipo toca e foge, quem sabe reflexo de preocupações do trabalho e da azáfama do dia a dia.
Album de fotos: Holanda.
Foi um prazer ter-te cá Ricardo. Que a viagem te corra da melhor maneira e até breve!
Também gostei desta breve pintura da Holanda!