A história do pneu esta-me atravessada!
Sei que nós portugueses somos desenrascados e sabemos bem o que é improvisar, mas aqui não conhecem mesmo este termo ou então são melhores que nós no negócio! Deve ser isso, pois sinto-me enganado.
Disse para a assistência em viagem que não precisava de reboque, preciso é que me levem a uma oficina de pneus, pois já tinha desmontado a roda.
Assim fizeram. cerca de 1 hora depois chega-me um carro da assistência com um viking lá dentro 🙂
Digo um viking, pois era tal e qual o que imaginava deste povo. Cabelo loiro grisalho, homem robusto e, o toque final, um bigode também loiro enorme, a revirar para cima nas extermidades!
É nestes momentos que me devia lembrar de tirar uma foto… Passou!
Olhou para o pneu e disse – hum, this a big hole. You need a new tyre!
Pronto já estou feito, lá se vai o orçamento.
E continua – aqui na Dinamarca não remendamos pneus, se a polícia nos apanha com remendos que possam causar acidentes, como esse furo grande apanhamos uma grande multa!
Oh homem, só vou ficar aqui mais um par de dias!
Ah! Mas a responsabilidade é minha.
Mas eu assino um papel em como me responsabilizo!
Irredutível!
Boa vontade não lhe faltava. Fez há vontade uns 8 telefonemas para conseguir encontrar alguém que reparasse ou substituísse o pneu, na sua opinião.
Lá demos com um representante da Yamaha, pois a BMW ficava a 80 Kms e eu tinha de pagar mais, mas já vamos às contas…
Entramos, só têm um pneu com estas características e é de estrada. Um Bridgstone, lisinho, lisinho como eu não gosto nada! Custa 1560 coroas.
Reclamo. Ligam para a BMW Motorrad de Oldog. Sim têm pneus – sorriu!
Ah, mas tens de pagar mais umas coroas, são 1600. De acordo vamos lá. Espera, eu recebo há hora, e a tua companhia só me paga uma hora a 750 coroas. Eu levo-te mais 2500 coroas da primeira hora e 1500 pelas seguintes.
Quanto é que isso dá?
Bom ah, 5500 coras mais 1600 do pneu!
Mas isso dá-me para ir a Portugal, colocar 2 pneus e voltar! Digo indignado.
Eu acho que deves aceitar esta proposta, metes este pneu de estrada e segues viagem.
Concordei. Era a opção mais racional e mais económica. Aliás, se não olhasse para o pneu nem daria mais por ele. Que se lixe, também vou fazer 99% de alcatrão…
Enquanto mudavam o pneu na jante, fomos levantar coroas. 1€ = 7,05 coroas dinamarquesas. Levantei 2000, arrependido por não ter experimentado primeiro o kit da touratech, já que, este pneu ía lá ficar! Que burro, se calhar ainda o levava esquecido até Portugal como me costuma acontecer nas minhas reparações de improviso!
Um dia parte-se-me o terminal que faz de batente de um cabo de embraiagem. Afinfei-lhe na ponta com um alicate de pressão, veio para Portugal e andei com ele não sei quanto tempo mais, esquecido de tal artimanha.
Bem, vamos embora. Não serve de nada chorar no molhado… Lá estou eu com a chuva, isto é já traumatizante!
O viking insiste em pegar no pneu, replica mais uma vez que a responsabilidade é dele!
Chegamos e diz-me descaradamente, olha agora montas tu o pneu, eu tenho de me ir embora senão pagas mais…
Puxei-lhe o bigode – quase, mas não o fiz, e despedi-me.
Pelo menos já podia rolar! Caramba este pneu fica mesmo mal nesta moto!
Arrumo tudo e faço os 17Kms que deveria ter feito na véspera até Billund. Entro no parque de campismo, hesito entre 1 a 2 dias. 165 coroas por dia! Arre! está decido – 1 dia! Têm Internet? Sim e é gratuita! Fixe, ao menos isso.
Monto a tenda, arrumo tudo, mudo de roupa e ponho-me a caminho da Legoland.
Entrada 285 coroas, 40€. Vá, é uma vez na vida.
A Legolandia é, à semelhança de Madurodam na Holanda – agora percebem por que é que tanto gosto de miniaturas… uma parque temático, neste caso feito todo em Lego, dos países mais próximos e dos temas que o Marketing da Lego pretendem vender mais. À parte do interesse comercial, é lindo! Lindo, lindo, lindo!
Notam-se semelhanças na engenharia da construção e movimento das cenas – não sei quem terá sido o primeiro…
Em destaque estava a área da guerra das estrelas, muito bem caracterizada.
Os miúdos podiam tirar bilhetes para “andar em tudo” e vale bem a pena.
Água não faltava. Praticamente todas as diversões aqui andam à volta da água. Os barcos de Lego e o tema dos Piratas eram os mais comuns.
Era divertido por si só ver a alegria das crianças! Quem me dera ter esta idade ou ter trazido aqui os meus filhos…
Tiro fotos até, mais uma vez, ficar sem bateria na máquina – paciência, creio que tirei a tudo, depois escolho as melhores.
Foram 3 horas e meia de puro divertimento – parecia um puto a sorrir para toda a gente. Sorrisos cativam sorrisos e por vezes tinha a recompensa de ver os meus retribuídos por crianças e adultos.
18 horas, fechou. Lojas de suvenirs, mas não comprei nada. Trago a recordação deste dia e muitas fotos para partilhar convosco.
Chego ao parque, ligo-me por wireless e pede-me a password. Vou à recepção – não, estamos com um problema… volte mais tarde. Voltei mais tarde, a mesma história. E outra vez… Paciência. Amanhã descubro uma rede onde me pendurar…
Ocupo o meu tempo a carregar equipamento, máquina fotográfica, computador, está tudo pronto para amanhã.
São 21 horas e o sol está alto, alto demasiado para os nossos padrões. Imaginem, estiquem o braço, abram um palmo onde um dedo toca o horizonte e o outro toca o sol. Já viram a altura?
Tirito de frio, 13 graus lá fora e os dinamarqueses andam em manga curta.
São agora 20 para as 11 e ainda há luz. Vou-me deitar!
Album de fotos: Dinamarca.