Saio da Holanda, chove. Sigo para norte. A ideia é passar pelo grande dique de Afsluitdijk com quase 30 Kms. Este dique é responsável pela segurança das terras baixas da Holanda, sem ele uma boa parte desta desaparecia do mapa, já que se encontram abaixo do nível médio da água do mar.
O Lego para mim foi um brinquedo fantástico… Ainda hoje, quando tenho tempo brinco!
A Madalena manda-me para trás, atravessar o Canal da Mancha, entrar na Grã-Bretanha e apanhar o barco para o meio do Atlântico… diz-me – falta 1035Kms, chegas às 6h AM!
Pois, deve ter havido farra ontem à noite e ela meteu-se nos copos…
Lembrava-me do nome da cidade e corrigi este erro. Ah! 650Km, assim está bem, dá para fazer tudo num dia!
Mas por favor, estamos em Junho? Alguém me faz alguma coisa ao anticiclone dos açores?
Chove, chove, chove… foram mais de 5 horas sempre a chover! Juntemos as nossas vozes e brademos ao S. Pedro para um intervalo!
Passei a Alemanha debaixo de chuva, sempre pela auto-estrada, sem vontade de parar para fotos! Também, entre apanhar chuva na estrada ou a passear por aí…
Abasteço ainda na Alemanha, a pensar que a gasolina aqui seria mais barata! Não, custa menos na Dinamarca.
Diria quase que tenho entrado todas as fronteiras a mais de 100Km/h e a chover, já não posso com tanta humidade!
Mesmo as luvas de inverno ficam frias. Bem abençoados os punhos aquecidos da BMW.
Sorriu. Outro país! Não é que passar por países, ou melhor, que fazer países seja interessante. Mas porque me aproximo dos objectivos que tinha. Conhecer os países a norte da Holanda. A Alemanha ficará para um voo low cost para o ano…
Se há coisa que aprecio, para além das pessoas, são os fenómenos físicos. E tenho observado que cada vez que vou mais para norte o dia é maior. Aqui na Dinamarca, às 23 horas ainda havia luz lá fora e, acordei às 4 e pouco também já com luz. Claro, quando passar o circulo polar árctico terei sol 24 horas e, isto é apenas o resultado de me estar a aproximar dessa latitude.
A 17Km do meu destino, surge um alerta vermelho no painel de instrumentos, mas como já lá estava um amarelo, pois parece-me que a comunicação com o sensor da roda traseira por vezes dá erro não liguei muito. Percorro as opções do painel e nada surge de especial, deve ter mesmo haver com a pressão dos pneus! Começo a sentir a moto instável… Paro. É o pneu de trás!
E agora? Às 9 da noite é que me acontece isto!
Dou a volta, 20 metros, já com o pneu quase sem pressão e aparece-me o dono – Do you have rooms? No, I’am sorry we are full!
Estou feito! Tentei outra – can I mount my tent in your jardin?
Diz-me que sim, mas tem uma ideia melhor. Leva-me para uma daquelas tendas de casamentos montadas em cima da relva seca, nas traseiras da casa. Óptimo! E começo a montar a tenda. Aparece 5 minutos depois, falou com a sua mulher e arranjaram-me um quarto lá em casa! Apresentam-me a casa, este é o teu quarto, serve? Claro! Quanto custa? 100 coroas. Ops! Não tenho coroas, acabei de chegar! Ok, então não pagas nada! Nem queria acreditar! Claro que pago, amanhã, depois de resolvido o problema do furo, vou à cidade mais próxima e venho cá pagar-vos. Como queiras, disseram-me.
Ah! E tens Internet 🙂
Já de manhã, tentei diversas soluções, desmontei o pneu, ligou-se para 2 oficinas próximas, mas não reparam pneus de motos… enfim, acho que até se dava um jeitinho mas… Acabei por ligar para a assistência em viagem.
Album de fotos: Dinamarca