Onde há fome não se recicla

Vou falar de ambiente, de globalização, para concluir com o principal problema deste tema…

Já todos vimos imagens inacreditáveis, que parecem produzidas em computador só para nos levar a sermos mais responsáveis com o ambiente – praias e praias que mais parecem depósitos de plástico, fauna marinha atrapada em plástico, ilhas de plástico em pleno oceano e, mais recentemente o problema dos micro-plásticos na saúde humana!

Mas, como o problema não nos toca a nós, digo – não é evidente nas praias do nosso país, na nossa fauna; pensamos – nós ocidentais até nos portamos bem!
Não chega!
Este problema já se manifesta tão perto de nós quanto as praias do Mediterrâneo! Por sorte a nossa, as correntes marítimas levam o nosso lixo para longe, para outros mares, por isso não o vemos. Mas sim, infelizmente também contribuímos para ele!

Imediatamente pensamos – a culpa não é minha, é dos que não se preocupam, dos que não reciclam, de não haver eco-pontos perto de onde vivo ou trabalho, é das empresas que produzem a maior parte deste plástico, dos governos que não criam melhores condições para todos contribuirmos para a sua reciclagem e nos aumentam os impostos sobre o lixo…
Há que proteger o ego que há em cada um de nós!

Estes são alguns dos potenciais responsáveis nesta cadeia de produção, consumo e extinção do plástico… mas nós cidadãos somos os primeiros e maiores responsáveis! Sobretudo porque o admitimos, ou melhor, porque o permitimos. Quão vulgar é irmos a uma cadeia de super-mercados, pedirmos 2 rissois para levar e nos entregarem uma caixa de plástico, com custos de produção superiores ao que efectivamente nos levou lá? Os rissois.
Podemos ir sensibilizando quem nos atende – por favor, coloque os 2 rissois num pequeno saco de papel! Por favor, passem a fazê-lo! Informem os vossos coordenadores, chefes e gestores que os vossos clientes estão preocupados com a quantidade de plástico que aqui vendem!

Criem pontos de reciclagem nos supermercados e paguem-nos por cada garrafa ou embalagem que devolvermos ao vosso estabelecimento!

Posso garantir que resulta!
Um país onde este sistema é já generalizado é na Holanda. Cada supermercado tem um local para recepção de vidro e plástico e, o consumidor é ressarcido do valor que pagou a mais no produto aquando da devolução da embalagem! O valor é devolvido de imediato em dinheiro ou em pontos para desconto em novas compras.

Dá que pensar não? Já nos começamos a identificar com o problema dos plásticos!…
Falei de nós consumidores, dos grandes produtores de plástico ou dos responsáveis que os distribuem… e os governos, o que podem fazer?
Bom, os governos têm mais que fazer dirão, sobre tudo eles, políticos… a política é feita para governar um país durante 4 anos e garantir outros 4 a quem lá entrou no primeiro mandato. Não se preocupam com estas banalidades, que julgam nada adicionar à sua popularidade!
Pior, se por via da lei, ainda perdem mais apoio dos grandes grupos económicos! E afinal quem é que manda na política? – os grandes grupos económicos.

Mas há algo em que todos os países do mundo se deveriam preocupar, que está ao seu alcance e que se encontra no topo de todos os problemas que a humanidade atravessa – a educação; um investimento a longo prazo!
Se cada governo criasse condições de acessibilidade à escola, ao ensino e à educação, aos poucos irradicar-se-ía a pobreza que em tudo contribui para o problema deste tema.

Senhores governantes legislem a produção e reciclagem do plástico, mas sobre tudo e por favor invistam na educação!

Viaje-se por África, pela Ásia e deixe-se deslumbrar por um dos piores cenários de atentado ecológico – embalagens de plástico aos montes, nas bermas das estradas, dos caminhos mais remotos, nas sargetas…
Onde há fome não se recicla!